23 Mai 2020
O chefe do Instituto para as Obras de Religião, vulgarmente conhecido como banco do Vaticano, afirmou que a instituição não mantém investimentos no setor de combustíveis fósseis.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada em National Catholic Reporter, 21-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em um comunicado do dia 21 de maio ao NCR, o diretor-geral do banco disse que desejava “confirmar” uma declaração anterior de um dos ex-empregados da instituição de que, assim como outras instituições bancárias europeias, ele evita investimentos em ações públicas em favor de instrumentos de tesouraria mais seguros.
Gian Franco Mammì, que trabalhou no banco durante 28 anos e foi nomeado para o seu cargo atual pelo papa Francisco há cinco anos, também disse que a instituição usa a encíclica ambiental do pontífice, Laudato si', “sobre o cuidado da casa comum”, de 2015, como um guia em seu trabalho.
“Além disso, confirmo a máxima atenção do IOR e o seu respeito pelos princípios estabelecidos na Laudato si’, seja no processo geral de investimentos ou em setores específicos como o setor de combustíveis fósseis, mas não apenas nele”, disse Mammì.
A questão de saber se o instituto investiu no setor de combustíveis fósseis foi levantada por ambientalistas, mais recentemente pelo escritor e ativista Bill McKibben.
Mammì respondeu a uma reportagem do NCR do dia 17 de maio, na qual Max Hohenberg, ex-empregado de comunicações do banco, disse que, durante seu emprego de 2013 a 2015 na instituição, ela não havia sido investido no setor de combustíveis fósseis.
Hohenberg disse que a falta dessa exposição se devia principalmente a duas razões: que o instituto não financia corporações como outros bancos e não investe em ações ou títulos únicos, mas sim em títulos do governo.
“De fato, a exposição era zero”, disse Hohenberg. “Mas também é justo dizer que não era zero por opção, mas sim por causa do modo como o IOR administra as suas atividades.”
Mammì não respondeu ao NCR se a sua instituição já havia investido no setor de combustíveis fósseis no passado.
O principal objetivo do instituto, descrito nos novos estatutos aprovados por Francisco em agosto de 2019, é fornecer uma estrutura bancária para as entidades legais reconhecidas pelo Estado da Cidade do Vaticano. Essas entidades geralmente incluem ordens religiosas com sede em países com sistemas econômicos instáveis, que de outra forma teriam poucas opções para serviços bancários confiáveis.
O instituto publica um relatório anual. Geralmente, ele identifica os dados gerais de lucros e perdas do instituto, mas não os detalhes específicos dos seus investimentos.
O relatório de 2018 [disponível aqui, em inglês], o último disponível, mostrou ativos totais de cerca de 5 bilhões de euros (5,4 bilhões de dólares) e um lucro de 17,5 milhões de euros (18,9 milhões de dólares) naquele ano, o que significa que a instituição tem um orçamento de cerca da metade do Estado de Rhode Island, nos EUA.
Mammì disse esperar que o relatório de 2019 seja lançado “nas próximas semanas”.
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Diretor-geral confirma que banco do Vaticano não investe em combustíveis fósseis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU